quarta-feira, setembro 10, 2025

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Bettips

Em Julho avancei os passos e cogitei em Setembro. Olhei à volta: fora os utensílios da casa e o bric-à-brac, havia livros, quadros, discos, fotografias. Escolhendo livros, encontrei algumas preferências minhas, outras avulso, que poderão caber nas vossas “objectivas” visuais de pensamentos abrangentes. Não é forçoso conhecer, ler ou ter lido os mesmos: farão as vossas escolhas, talvez com palavras e fotografias a propósito, pela sugestão de ideias que vos darão os títulos que vos deixo:

Dia   4 - “O Miniaturista”, Jessie Burton (publ. 2014)

Dia 11 - “Memórias de Adriano”, Marguerite Yourcenar (publ. 1951)

Dia 18 - “Uma noite em Lisboa” – Erich Maria Remarque (publ. 1962)

Dia 25 - “Por quem os sinos dobram” – Ernest Hemingway (publ. 1940)

8. Mena M

Diz-me a Wikipédia que Marguerite Yourcenar referiu no posfácio, "Carnet de note", à edição inicial, que havia escolhido Adriano como tema para o seu romance em parte porque este tinha vivido numa época intercalar, em que já não se acreditava nos deuses romanos mas em que o Cristianismo ainda não se tinha firmado, o que lhe despertou curiosidade porque ela própria viveu uma época semelhante na Europa do pós-guerra.

Tal como Adriano e Yourcenar, vivemos nós também numa época intercalar, entre a inteligência humana e a artificial.

Será um sinal para eu ler este livro? 

Mena

7. Teresa Silva

 

Não sei falar desta obra prima, tanto mais que a li há muitos anos. Nem sei se o coliseu foi anterior ou posterior a Adriano. Mas da minha curta passagem por Roma foi a foto que me ocorreu.

Teresa Silva

6. Mónica

Depois de ler a sinopse do livro da semana viajei até Roma, a terra do Adriano das Memórias, e fui com a minha professora de História. Só podia ser com ela. Explico porquê. A primeira vez que fui a Roma tinha acabado de chegar à 7ª classe, em ambiente revolucionário, com todas as matérias curriculares em mudança, todas não, a matemática, a física, o desenho e a biologia seguiram o seu ritmo, felizmente para mim podia ter umas horas no horário da escola em que parecia que nada mudava a não ser aprofundar os assuntos e a exigência. As outras disciplinas foram viradas do avesso, ou do direito, mudaram a linguagem, a separar os complementos diretos, os sujeitos e os predicados, aprendemos a definição de reacionário, explorador do povo, colonialista, luta de classes, consciência de classe (gosto desta!) e por aí fora, em português, em inglês e a geografia passou a ter o mapa mundo centrado no hemisfério sul. Até a primeira aula de História, não havia livros nem manuais escolares, o programa e as matérias eram surpresa, e a surpresa foi enorme: a professora de História, uma mulher imponente, lábios pintados de encarnado, pulseiras, colares, anéis, roupa colorida e esvoaçante, contrastante com o clima ascético e puritano revolucionário, anuncia em voz bem alta: “vamos viajar a Rrrrroma”, com muitos erres. Eu arregalei os olhos e abri a boca de espanto, para mim Roma era a capital de Itália e romanos os inimigos idiotas do Asterix. Mas não. Os romanos, a civilização romana, a arquitetura, a engenharia, a organização política, as mortes, o circo foram o princípio da nossa cultura. Uma revelação. Um choque. Afinal somos todos descendentes dos romanos. Inesquecível professora de História e a sua viagem guiada a Rrrrroma. Não consigo conceber Roma sem ela, amiga de Adriano e fazendo parte das suas memórias, de certeza.

Mónica

5. M


 


Quando há muitos anos li o livro Memórias de Adriano julgo que não tinha a maturidade suficiente para o apreciar. Vou relê-lo. Por agora, para responder ao desafio proposto para hoje, evoco o Museo Nacional de Arte Romano em Mérida, que visitei em 2016 e onde tirei algumas fotografias. O edifício, projectado pelo arquitecto José Rafael Moneo Vallés, inaugurado em 1986, é em si mesmo uma obra de Arte belíssima e fica perto do anfiteatro e teatro romano. Dedicado à arte romana, exibe um número valioso de peças do conjunto arqueológico de Mérida, fazendo parte do Património Mundial da UNESCO. Como o Imperador Adriano tinha um enorme apreço pela civilização e cultura grega e romana e se rodeou de edifícios magníficos por ele mandados construir, penso que faço uma boa escolha ao recordá-lo aqui deste modo.

M

4. Luisa


Só descobri Marguerite Yourcenar e o seu magnífico romance Memórias de Adriano em 1981, numa edição da Ulisseia com tradução de Maria Lamas.

Luisa

3. Justine


Marguerite Yourcenar foi uma escritora que me conquistou, e há muitos anos atrás li muitos dos seus livros. Memórias de Adriano foi um dos que mais me “prendeu”, escrevendo/imaginando uma autobiografia de Adriano, que este dirigiu a seu filho Marco Aurélio em forma de carta. Ainda recordo que no livro foram focados todos os problemas de Adriano, quer pessoais quer políticos, a situação desordenada de Roma e a instabilidade que se vivia na época.

Tenho vontade de o reler!

Justine 

2. Bettips


 

Um dos meus livros favoritos e que tantas vezes andou comigo, para ser relido aos bocados. Sempre me parecia diferente, tenho-o desde 1983. A fotografia que me surgiu é uma metáfora: trata-se de um instantâneo colhido no Fórum Romano, mesmo ao lado das impressionantes ruínas ali expostas. Um pedaço de terra cultivada por um anónimo, quem sabe se encontrará memórias de séculos passados. Do tempo de Adriano.

Bettips